Isolamento social, distanciamento e abraços

Haviam oito anos que eu não via meu padrinho. Estou  há alguns dias na casa dos meus pais por conta da quarentena do coronavírus, acabou que numa tarde minha mãe teve que ir ao supermercado e eu a acompanhei, e foi lá que encontrei o meu padrinho depois de oito anos. Eu o vi de longe e imediatamente abri um sorriso, ele também. Sempre gostei muito dele, e como acontecia na infância o meu coração ficou feliz ao vê-lo... acelerou e tudo mais. Oito anos. Ele foi caminhando em minha direção, eu fiquei esperando ele chegar, bem feliz da vida, como já disse. Daí ele não me abraçou, não chegou perto. Isolamento social, coronavírus, Covid-19, pandemia. Subitamente todas as informações que giram em torno dessas palavras começaram a fervilhar na minha cabeça como uma panela de pressão em pleno fapor. Oito anos que eu não via o meu padrinho e quando por um acaso do destino a gente se encontrou não pude dar um abraço apertado e demorado. Ficamos eu e ele distantes por cerca de um metro e meio, mais ou menos o que é recomendado pelos jornais durante todo o dia. Pra mim, foi assustador, nessa noite eu não consegui dormir direito, minha mente ficava trazendo um replay de vários ângulos do meu reencontro de oito anos que foi interrompido por um metro e meio de distanciamento. Além de todas as dores que essa pandemia está causando em todo o mundo, talvez a do abraço que não pode ser dado seja uma das piores. 

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